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quarta-feira, 6 de abril de 2011

A Minha Viagem Insólita IV



                                                                        Plaza de Toros


Assim que começamos a andar no calhambeque descobrimos porque não exigem carteira de motorista. A velocidade máxima do carrinho devia ser de 10 km por hora, qualquer criança poderia dirigir sem perigo...desde que não fosse eu!

Se acelerávamos demais o carro largava uma fumacinha e apagava. Tínhamos que descer e empurrar.

O Zé descobriu a zona Real de  San Carlos, que ficava uns 3km distante dali. Lá poderíamos visitar a Plaza de Toros. Um lugar construído para realizar corridas de touros, uma simulação das touradas . O projeto era ambicioso, com toda uma estrutura turística de hotéis e cassinos num lugar afastado,sendo o público alvo uruguaios e argentinos. Mas não foi finalizado. Como a simulação não dava lucro, fizeram verdadeiras touradas sangrentas e devido a isso o local foi fechado. Por um tempo, foi feita a tentativa de reativar o monumento utilizando-o  para outros jogos, menos horrendos, nas décadas de 70 e 80. Mas depois, voltou a ficar completamente abandonado.

Na hora já me preparei para ir conhecer o lugar, e o Zé ficou receoso de não dar tempo para pegar o ônibus de volta. Rapidinho o convenci que não precisava se preocupar com o tempo.Daria tudo certo!

 Fomos bem faceiros buzinando e cantando “O Calhambeque, bi-bi  quero buzinar o Calhambeque Bi Bidhu! Bidhubidhu Bidubi!...” . Aproveitando as paisagens, cumprimentando os carros e motos que passavam por nós, me sentia a mesma adolescente que roubava a moto do meu avô!
 
Achei o lugar maravilhoso. Impressionante aquela construção estilo mourisco espanhol com armação de ferro já deteriorada pelo tempo. O lugar tem capacidade para oito mil espectadores. Mas agora está lá, imponente e abandonado, para lembrar  como pode ser grandiosa e até graciosa a bestialidade humana.

Muitas vezes as coisas ao nosso redor são mascaradas, parecendo grandiosas e elegantes, quando na verdade, o objetivo obscuro é horrrendo. Como por exemplo, o aculturamento dos povos. Os macaquinhos aculturados acham muito “chique” incorporar palavras em inglês a seu próprio idioma, esquecer sua cultura e costumes como modo de vestir, falar e até comer, para imitar outros povos, os mesmos que nos oprimem e exploram nossas riquezas, devastam nossa natureza, escravizam nosso trabalho e nossos sonhos...e isso passa a ser "chiquérrimo", elegante, atinado.  Passa a ser como esse monumento à bestialidade, admirado por todos. Espero que um dia, se torne abandonado também, como está a Plaza de Toros!

Continua...

Cláudia Anahí

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