Voadores bem vindos

segunda-feira, 4 de abril de 2011

A Minha Viagem Insólita III

Chegamos a Colônia, direto ao centro da máquina do tempo!
 Passear por aquelas ruas, visitar ruínas e enxergar lamparinas me fez voar, imaginando como deve ter sido pertencer a um lugar que foi  alvo de lutas e trocas entre portugueses e espanhóis. A própria identidade daquele lugar foi substituída tantas vezes pela vontade e cobiça de alguns. Essa cidade foi palco de disputas por terras, comércio, pessoas, idiomas, pátrias e paisagens. Voei direto a São Miguel das Missões, lembrando da sensação que tive ao assistir o espetáculo Som e Luz, vendo o sangue dos índios derramados na terra, levando ao chão seu destino e seus sonhos.

Fui tirada desse cenário pela voz do Zé, soando ao longe.... – hem,  vamos lá pegar a motinho?
Motinho??? Pareceu tão estranho ouvir a palavra moto onde eu só enxergava cavalos e canhões!

Foi quando o Zé me mostrou as “motinhos”(ciclomotor) percorrendo o lugar.
Como se tivesse apertado um botão dessa extraordinária máquina do tempo, acelerei centenas de anos e fui parar na minha pré adolescência, exatamente na cidade de Treinta Y Tres neste mesmo país. Eu voava as tranças em cima da motinho do meu avô. Todas as tardes na hora da sesta eu e minhas primas roubávamos a sua moto para ir tomar banho no rio Olimar. Com aquela ingenuidade das crianças que acham que podem enganar velhos sábios, fui desmascarada no dia que fomos pegar a moto e encontrei o bilhete do meu avô avisando que a gasolina da moto não chegava até o rio!

Volto ao presente com a fome de aventura adolescente que me trouxe essa lembrança. Mais uma vez a gazela saltitante incorpora  em mim e fui  puxando o Zé pela mão para alugar a motinho.  Ofegante o Zé falou:  Algo me diz que eu vou me  arrepender ...

Alugamos a moto, discutindo quem iria dirigir, quando o atendente nos pede a carteira de motorista. Olho para o Zé com ar de derrotada e digo - Tá bem  tu dirige, mostra pra ele a carteira. – Não, pode mostrar a tua, tu dirige. Ficamos nesta discussão de tu, não tu, até que descobrimos que nenhum de nós tinha a tal da carteira.
Não sei que cara eu fiz para o atendente - deve ter sido parecida com a do gatinho do filme Shrek - pois ele disse, balançando a cabeça,  que tinha uma solução: Não era moto, era um mini carro em forma de calhambeque com rodas de bicicleta e motor de moto, tipo brinquedo de criança.  O Zé olhou com ar resignado e disse que para passear comigo, não poderia esperar nada menos inusitado que um calhambeque de brinquedo.
 E lá fomos nós para a próxima aventura,  de calhambeque bi biii!

O tempo é relativo, já dizia Einstein. Muitas vezes desejamos voltar e reviver os bons momentos em que a alma foi liberta, e não existia mais nada pela frente, a não ser, a felicidade de aproveitar aquele exato momento que estavamos vivendo.

Continua...

Cláudia Anahí

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