Voadores bem vindos

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Porto Seguro


Fiquei sem âncora
Num porto ilusório
Remei com pressa
Para meu porto seguro

E estava lá
De braços abertos a me esperar
Com suas palavras sábias
A me consolar

Me reconstruí
Para recomeçar
A nova jornada
Que começa a se mostrar

Mas...as torres imponentes
do meu porto
A força e a coragem
O alento e o consolo
Adoeceram
Tornando-se frágeis

Largo tudo e me ponho a cuidar
Quem sempre cuidou de mim

Mas eu cochilei...
E no meu cochilo
A sombra da morte se aproximou

Acordei quase a tempo...

Lutei por quatro dias
Quatro longos dias
Segurando o fio de prata
Que estava quase a se partir

Como Ulisses
Aprendi que nada somos
Além de humanos sem poder...

Fiz a escolha que ele faria
O meu sofrimento
Jamais o dele

De joelhos
Entreguei o fio de prata
Ao Grande Oceano do Um
Decretando,
Ainda esperando milagres,
Que seja feita a Vossa vontade

Em minutos, Sua vontade se fez
Perdi os sentidos...

Me atirei no Grande Oceano
A seguir meu pai
Para ser levada pela mão
Como ele fez nesse mundo

Não consegui alcança-lo
Pois os gritos me laçaram
E me trouxeram de volta

Mãe! Mãe!
Olhos assustados
Carentes e medrosos
Olhando em mim
Um norte, um porto, um prumo...

Voltei a sentir
As forças entranháveis do Universo
A me levantar
E a me colocar
Imponente
Em frente ao leme

Acontece então o milagre.
Não o que eu queria
Mas o que estava escrito

Começo a navegar
E a viver
Sim, porque navegar é preciso
Mas para mim
Viver também é!

Cláudia Anahí

sábado, 26 de fevereiro de 2011

Ponto de Intersecção

Numa noite ao luar
Numa praça fervilhante
Emocionante
E vibrante
Entre gramas e tropeços

Eu venho de cá
Ele vem de lá
E nossos caminhos se cruzam
Formando um ponto de intersecção

E o que faremos com esse ponto?
Será só mais um ponto
Solto em nosso percurso?

Ou será aquele ponto
Que fará os desvios dos nossos rumos
E do nosso caminhar?

Cláudia Anahí

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Mundo Criado

A noite
Regada com o brilho do luar
E a doçura do teu olhar
Faz com que
Meu mundo criado
Chegue perto da perfeição
Diluindo...
Devagar
E aos poucos
As travas do meu mundo real

Cláudia Anahí

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Floripa


Ah Floripa...
O verde exuberante
Cobrindo teus morros
Que chegam ao azul
Como carícias ao mar

Que ritmada paisagem!

O peito se contrai de dor
Ao  ver as estradas
Rasgando tuas matas
Como veias abertas
Sem jamais cicatrizar

Será que o homem não vê
Que ao concretar sua terra
Está concretando sua própria alma?

Será que não sente
Que o asfalto
Endurece os corações
Afastando-nos do Todo

Tornando o homem
Para a natureza
Um intruso
E não mais
Parte dela?

Cláudia Anahí

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Todo o Nada

De un hombre
Quiero todo su mirar
Fijo a mis retinas

Quiero todo su calor
Todo su sabor
Su toque, su aroma
Su aliento en mi oído
Quiero todo su cuerpo

Pero eso...
No me basta!

Quiero toda su mente
Quiero toda su alma
Quiero toda su energia fundida en la mía!

Ya sé...
Que no se encuentra en cualquier esquina
Quizás
Pasarás una vida sin lograrlo
Entonces
Como no puedo tenerlo a TODO...

Me quedo sin nada
Sola con mis pensamientos
Y mi espejo!

Cláudia Anahí

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Mai ou Pãe


                                           jun-pierre shiozawa- Hera e Zeus

Ser pai e mãe ao mesmo tempo
É tarefa cruel e difícil
Só és capaz de prosseguir por esse caminho
Ao ver o resultado
De tal zelo e carinho

Aprendes ao executar
A encontrar nas profundezas do teu ser
A autoridade do pai
E a ternura da mãe

E como dói
Meu Deus como dói!

Ter que manter intacto
O olhar duro e repressor
Pois foi te tirado o direito
Que toda mãe tem
De consolar seu filho
Quando percebe que ele errou

Precisas continuar firme
Sem expressar ternura
Ensinando a primeira lição
Que todo pai ensina ao filho

Que o seu precioso tesouro
É o seu caráter formado
Baseado na verdade, integridade e segurança
De cumprir a palavra dita
Seguindo os valores universais

E como fica a mãe amorosa?
Que fazer com ela?

Só resta esconde-la num quarto escuro
Que proteja o choro abafado
E esconda a lágrima caída
Por não ter seu filho
Direito à candura e consolo

É preciso esperar...
Quieta, em silêncio...
Até perceber na postura e olhar do fillho
Que aprendeu a lição

Chega então a alegria
Que transborda o coração
Libertando a mãe escondida
Desejosa de emanar seu amor

Como se liberta um pássaro encarcerado
Que voa ao encontro de seu ninho
Cumprir os desejos de seu instinto
De proteger o filhotinho.

Cláudia Anahí

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Perdão

A mais difícil
É a jornada do perdão

Como perdoar quem te deixou sem chão?
Quem te enganou e te traiu
Dizendo com palavras,
E apenas com palavras
Que o amor entre duas almas
É real e verdadeiro

É aí que compreendes
Que nada sabes sobre o amor!
Pois como dizem os poetas
E as palavras de Deus

O amor é a descoberta
Que liberta
E jamais aprisiona

Então percebes, estupefacta!
Que nada sabes sobre o amor!
E a dor te ensina
Que tu
Que nunca traístes, nem mentistes
Também...
Nunca conhecestes o amor

É então que a jornada termina
Com o perdão no fim da estrada
Te esperando como um pai a seu filho
Que finalmente aprendeu a lição

Que antes de perdoar ao outro
Tens que aprender
A perdoar
A ti mesmo

Cláudia Anahí

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Esperança

Dizem que existe vida dentro de ti
Que não é  a tua
Duvidas...pois nada sentes

Até que teu corpo muda
E mudam também teus desejos
E sentes no teu ventre
Movimentos que não são teus

A tua barriga cresce
E cresce também teu sentir

Constróes o ninho

Até que chega a fisgada
Anunciando com a água que escorre
A chegada do novo ser

Então percebes

A força do universo nas entranhas
E passas a respirar sem fôlego
E a sentir a dor a te empurrar
Com o vigor da natureza
Que não imaginavas possuir

E quando pensas não aguentar mais
Depois de um último urrar

Desvaleces...

Escutas então
O choro da vida
Que grava em ti
A força de ser mãe

Que faz a dor sumir
Que cala o choro
E dá lugar ao riso...

É que

A  Esperança...

Nasceu!


Cláudia Anahí

Asas

Aprendi na adolescência
Com Gibran, Pablo, Vinícius, Chico, Gustavo
E tantos outros
Que a poesia te dá Asas!

E me arrisquei a voar
Mas logo ali...
Elas se partiram
Se machucaram
E atrofiaram

Parei de voar
Sem saber
Que elas, as asas
Continuavam ali

Até que um dia
Um poeta contemporâneo
Me mostrou seu livro
E esse livro
Me convida a voar...

Mal sabe o poeta
Que ao abrir seu livro
E escutar sua música
Minhas asas se libertaram

E lá estavam elas
Maiores e mais fortes
Velozes como nunca
Me levando a lugares
Que jamais pensei,  sequer
Em sonhar...


Cláudia Anahí