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sexta-feira, 1 de abril de 2011

A Minha Viagem Insólita II

Uma das programações do encontro foi uma viagem a Colônia de Sacramento, que fica a alguns Kms de Montevidéu. Cidade histórica para qualquer aspirante de arquitetura se deliciar...passear por aquelas ruas é como entrar na máquina do tempo. Parece até possível escutar os cascos dos cavalos nas pedras  e o barulho das carruagens!

Sairíamos cedo da manhã e voltaríamos de Colônia à tardinha.
Os organizadores avisaram que seriam poucos os ônibus disponíveis.
Quando chegaram,  foi uma gritaria e uma correria que eu nunca tinha visto. Nós que fomos os primeiros a chegar (sim, os únicos idiotas que acreditaram que a excursão de estudantes que fazem festa a noite inteira sairia cedo da manhã),  estávamos sendo os últimos a conseguir lugar!!!!
Com desespero e força puxei meu amigo Zé e fui empurrando todos na minha frente. Claro que o usei  como escudo, e isso o deixou um pouco irritado.Ele queria entrar no outro ônibus e não teve a menor chance!
Ao chegar perto da porta  eu soube exatamente a força e os impecilhos que minha filha teve ao nascer! Gente, entrar naquele ônibus foi um parto! E olhem que eu sei do que estou falando! Tinha acabado de passar por um a menos de dois anos!

Entramos e conseguimos um ótimo lugar. E eu, como sempre discreta e elegante, falava com o Zé aos gritos, dizendo que eram todos mal educados, só podiam ser argentinos,  e que preferia outro parto a  ter  que passar por isso de novo...e blá, blá ,blá...  meu amigo fazia caretas e dizia para calar a boca...e eu,sem dar atenção, mais falava, ou melhor, bufava.
Até que ele me deu um puxão pelo braço me obrigando a sentar e acabar com meu discurso. Mas infelizmente foi tarde demais. E eu aprendi a nunca mais falar mal de nenhum povo, muito menos os argentinos, nossos queridos vizinhos. É impressionante o que a mídia, irritada por um simples futebol,  faz com a mente das pessoas. Bem feito por seguir os meios de comunicação feito gado e não pensar por mim!
Assim que ligaram os motores do ônibus (e foi aí que desejei nunca ter aprendido a falar espanhol para não entender o que estavam dizendo) pediram que os brasileiros bem educados, por favor, se retirassem do ônibus pois ali só era permitida a entrada de argentinos mal educados, escandalosos que não gostavam de parir!
Deu para entender por que eu quis voltar ao útero da minha mãe e nunca mais sair de lá?

Eu não podia acreditar que estávamos de novo sentados na calçada vendo TODOS os ônibus partir. Eu tinha acordado às cinco e meia da manhã para chegar lá antes das sete! E era meio dia e eu não tinha conseguido ENTRAR em um ônibus... e permanecer nele sem ser expulsa!

Eu não tinha coragem nem de olhar para o meu amigo, pois a única vez que tentei abrir minha boca para pedir desculpas, ele fez um sinal com o dedo no meu nariz e eu soube que apanharia se desse mais um suspiro.

Mas....eis que de repente, não mais que de repente,  pára um carro na nossa frente e um cara coloca a cabeça pra fora e grita com  sotaque paulista: - Ei, alguém aí fala espanhol? Tô a fim de ir a Colônia, mas não entendo nada do que esse povo fala!

Saltitando feito uma gazela,  corri p o carro e disse que poderia ser a interprete dele se ele levasse eu e meu amigo. Graças a Deus eu sei falar espanhol!!!!

Olhei para o Zé e disse: Não precisa agradecer querido, tocando no queixo dele e piscando, com a pose de: eu sou demais!!!!!
Fomos para Colônia, de carro, com ar condicionado, refrigerante gelado, cervejinha, salgadinhos, Legião Urbana e Titãs!

Fiquei olhando a paisagem, abri bem o vidro do carro para sentir os cheiros que o vento trazia acariciando meu rosto, estava muito feliz. Nossa... eu não lembrava como é bom viajar! Saber que o inesperado se apresenta em cada curva da estrada...
Fechei os olhos e rezei para que minha filha estivesse tão bem e  feliz quanto eu.

continua....

Cláudia Anahí

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