Voadores bem vindos

quinta-feira, 7 de abril de 2011

A Minha Viagem Insólita V

Resolvemos voltar antes do pôr do sol. Estávamos a meio caminho, quando passam por nós vários ônibus e eu comentei com o Zé que deveria ter outra excursão além da nossa.
Ele colocou uma cara de preocupado e murmurou - ai ai ai, eu disse que não ia dar tempo...
Quando eu ia dizer para ele relaxar que não eram os nossos ônibus, ouvimos nossos amigos  gritando nossos nomes.
 Eram os nossos ônibus que estavam indo embora!!!!
E nós na metade do caminho naquele calhambeque-tartaruga!!!!!
Entrei em desespero e acelerei tudo o que podia contrariando os gritos do Zé que avisava que ia fundir o motor e íamos ficar a pé!
Foi exatamente o que aconteceu.
O carro parou no meio de muita fumaça. Não havia tempo nem de discutir, descemos do calhambeque e começamos a empurrar o mais rápido que podíamos. Depois de umas três quadras, suando e bufando o Zé pergunta se eu tinha tentado ligar de novo o carro. Eu disse que não, e pela cara que ele me fez eu pulei para dentro o mais rápido possível  e tentei ligar.
 Milagre!!! O carro ligou, mas eu acelerei tanto que saí rápido demais e o Zé ficou  para trás. Eu não queria parar com medo que  apagesse de novo  e gritava  para que pulasse no carro.
O calhambeque parecia endemoniado, pois o Zé corria e não conseguia alcançar, foi quando tentei pisar no freio e nada! O carro não parava de jeito nenhum e estava chegando uma decida.
 Eu comecei a gritar socorroooooooo, não consigo paraaaarr!!!
 O Zé diz para eu dar a volta e eu viro a direção e quase capoto, juro que fiquei em duas rodas (o Zé diz que não), passo pelo Zé de novo e ele pula para dentro do carro. Assim que ele pula chega a decida e a tartaruga se transforma num leopardo!
Pega uma velocidade enorme e a cada encruzilhada eu passo de olhos fechados gritando aaaahhhhhhhhhhhhh. Eu não usava  buzina mas usava a minha garganta. Os carros paravam  assustados com meus gritos de pavor. A cada esquina o Zé gritava - pisa o freio, pisa o freiooooooo, paraaaaaaa!!!!!
Bom, se levamos duas horas para ir, levamos quinze minutos para voltar.
Ao entrar no centro devido a uma leve subida  o carro perdeu velocidade e eu finalmente pisei no freio fazendo o Zé bater de barriga no  carro e quase passar  para o outro lado. Foi quando escutei um grunhido entre dentes: sai daí que EU dirijo!

Chegamos calmamente no lugar de entrega do calhambeque de brinquedo. Quando me preparei para começar meu discurso dizendo que aquele calhambeque era um perigo, praticamente um assassino,  o Zé revirando os olhos me puxa e só diz: corre!

Corremos até o  lugar onde estavam os ônibus.
 Desolador. Onde havia carros, ônibus, pessoas, agora só o vento levantando uma leve poeira. Nada. Vazio.
Visualizei bem ao fundo um pequeno grupo de pessoas, e corri até lá. Ofegante e com minha cara de gato do Shrek, expliquei o que aconteceu. Um deles me diz apontando para a rua que aquele é o único carro que voltaria a Montevidéu . Sem nem pestanejar corri para eles pedindo carona. Todos de branco com cara desconfiada disseram que não tinha problema, se nós realmente quisermos carona....e foi aí que eu vi o carro...era uma ambulância muito, muito antiga!

Voltei a Montevidéu sentada numa cadeira de rodas e o Zé, deitado e amarrado numa maca. Sem salgadinhos e muito menos Legião Urbana. Mas pelo menos... tinha Cumbia tocando num radinho de pilha...

Fui perguntar se o meu amigo estava confortável, e permanecendo como estava, deitado com as mãos cruzadas na barriga olhando para cima, me disse com voz gelada  que se eu tinha algum amor pela minha vida e meu pescoço, eu não abrisse a boca até chegarmos a Montevidéu!

Graças a Deus o Zé é uma pessoa maravilhosa. No outro dia, chegando para assistir palestras (sim, porque a essa altura eu nem pensava mais em aventuras!), encontro o Zé rindo muito no meio de colegas. Ele estava contando o nosso passeio no calhambeque assassino.

As amizades que fazemos nas diferentes fases das nossas viagens, que é a nossa  vida, é o que nos leva a crer que esse mundo é realmente maravilhoso, e apesar das tentativas a bestialidade, ele segue e sempre seguirá sendo o melhor lugar para se aprender a viver, evoluir e  navegar.
Quando se volta de uma viagem maravilhosa, é possível perceber que apesar da beleza e encantos dos lugares diferentes do nosso planeta, o melhor lugar do mundo é e sempre será... a nossa casa!!!!

FIM


Cláudia Anahí

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigada pela visita e voltem sempre!
Comentários e sugestões são bem vindos! Namastê!